terça-feira, 5 de abril de 2011

Desando

Olhos marejados, cega de raiva

Sobe correndo, tropeça na escada

Rala o joelho, cai de bruços

O choro há muito contido, explode




Ninguém ouve seu lamento, a casa está vácua

Nunca há alguém por perto quando se trata de ouvi-la

Coxeando, sozinha, sangrando, torna a subir

Lava a ferida, o sangue e as lágrimas




Despe-se, veste-se, pinta os lábios de carmim

Ao encontrar os amigos, exala felicidade

Sua casa não é um lar

E nenhum deles sabe o que de fato há sob seus sorrisos




Forte, mas receosa demais para procurar auxílio

Frágil, mas suficientemente capacitada a suportar tudo sozinha

Sem que o copo transborde




Meses arrastaram-se como décadas




Cansada de sufocar na garganta

O que o anseio quer que fuja,

Atravessou a rua

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